Ansiedade: como ela pode ser uma aliada — e quando vira problema

Você se lembra daquelas questões profundas que a gente sempre promete enfrentar um dia? Pois é, chegou a hora. Vamos falar sobre ansiedade. Sim, eu sei, nem sempre é fácil enxergar algo bom na ansiedade, mas acredite: ela nem sempre é ruim. Pode parecer estranho, mas a ansiedade é, sim, uma sensação útil para nós, seres humanos, mesmo que a gente sofra muito com ela.

Pensa comigo: lá no passado, nossos ancestrais precisavam caçar para sobreviver. Só que, ao mesmo tempo, outros animais também precisavam caçar, e muitas vezes nós éramos a presa. O que nos ajudava a escapar dessas situações? A ansiedade. Ela era o alerta do cérebro, aquele “eita, tem algo errado aqui!” que nos fazia reagir rápido e fugir do perigo.

Mesmo hoje, em situações de risco, a ansiedade é essa aliada. Você está caminhando tranquilo em um parque, e de repente surge aquela sensação de que algo está errado. Nesse momento, a ansiedade te ajuda a perceber o perigo e agir. Ela desperta medo, sim, mas é esse medo que nos protege.

O problema é quando a ansiedade não vai embora. No dia a dia, ela pode causar sintomas físicos desagradáveis, como insônia, mudanças no apetite (eu, por exemplo, fico tão nervoso que até maçaneta de porta eu roeria), dores de estômago e outros desconfortos. Para algumas pessoas, a ansiedade vira um tormento diário, presente em todos os momentos, do segundo em que acordam até o instante em que conseguem pegar no sono — se é que conseguem.

A ansiedade boa aparece em situações de perigo, faz seu trabalho, e vai embora. Mas a ansiedade ruim não. Ela fica, dia após dia, nos acompanhando em tudo, transformando o que deveria ser passageiro em algo permanente. É aí que o cotidiano vira um problema, porque atividades simples se tornam pesadas e exaustivas.

Vou te dar um exemplo. Sabe aquela tendência de sempre imaginar o pior? Isso tem nome: catastrofização. Acontece com muita gente. Imagine que você combinou com alguém de se encontrar às 20h. Se a pessoa não chega até 20h10, o que você pensa? Que ela parou para tomar um sorvete ou encontrou um amigo na rua para conversar? Não. A mente vai direto para o pior: “E se ela estava no carro, perdeu o freio, bateu num caminhão e aconteceu o pior?”

Eu mesmo passei por isso. Em 2010, durante uma crise de pânico, dirigir se tornou um pesadelo para mim, especialmente na estrada. Só de pensar em ultrapassar um caminhão, minha cabeça criava um cenário completo: “E se o pneu estourar? E se a roda quicar no carro, eu perder o controle e capotar?” E olha que nunca sofri um acidente de carro. Mas meu cérebro insistia em criar essas situações, e era como se cada ultrapassagem fosse uma batalha.

Essa ansiedade constante pode virar uma patologia. Há vários tipos, como:

• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Aquela ansiedade que está com você o tempo todo, uma preocupação constante, do momento em que você acorda até a hora de dormir.

• Transtorno do Pânico: Aqui, a ansiedade aparece em crises pontuais e intensas, atingindo o auge, com sintomas físicos como falta de ar, taquicardia e sensação de morte iminente.

• Fobias Específicas: Medo de situações ou objetos específicos, como aranhas, voar de avião ou entrar em espaços fechados.

E aqui vai o ponto principal: sentir ansiedade ou medo não significa que você está doente. Essas são reações normais, que evoluímos para nos proteger. Mas quando a ansiedade domina sua vida, aí sim é hora de buscar ajuda.

Viver com ansiedade pode ser desafiador, mas entender como ela funciona já é um passo importante para recuperar o equilíbrio. Afinal, não precisamos viver reféns do medo.

E você, como tem lidado com a ansiedade no seu dia a dia?